Como é possível transformar o paradigma intrapessoal, interpessoal e empresarial de um Ganha/Perde ou Perde/Ganha, para um Ganha/Ganha?


Esse tema não é novo, mas percebo ainda um paradigma muito forte do Ganha/Perde tanto em nossos devaneios pessoais ("se eu descansar e não for na academia eu sou preguiçoso"), quanto na elaboração e estruturação de estratégias empresariais ("como posso vender mais que o fulano; o que eles estão fazendo e como podemos fazer melhor?").

A ideia de que se eu ganhar o outro vai perder está enraizada em nosso modelo de sociedade desde o colégio quando, por exemplo, comparamos nossas notas com a dos colegas. Quando premiamos os mais habilidosos e julgamos quem não foi bem com certa dureza. Quando debochamos do time perdedor...

Nesses casos estimulamos a competição e não a cooperação, portanto criamos o paradigma do Ganha/Perde.

Muitas pessoas ainda creem que a punição é o melhor remédio para motivar a transformação. Todavia, essa ideia há muito já foi provada equivocada. Pense, por exemplo, se seu filho chegar da prova de matemática - para a qual ele estudou um pouco- cabisbaixo e chateado. Você acha que uma postura agressiva e punitiva vai gerar um efeito positivo maior do que um abraço e uma escuta para entender como ele se sente? Ralhar dizendo frases como "eu disse pra você estudar mais!!", "a vida é dura" ou frases do gênero? Ou acolher e conversarem sobre como ele pode fazer para melhorar o desempenho no próximo exame? Qual seria a mais motivadora para você?

Quando tratamos de filhos ou amigos, muitos concordam que o acolhimento, a empatia, e a compreensão tem um efeito muito mais positivo para superação do que a punição. Porém, quando estamos diante de colaboradores "inadequados", "concorrentes" ou opositores, muitas vezes tendemos a voltar para o paradigma da punição, que gera uma abordagem Perde/Perde. Quem pune se estressa, quem é punido se fecha, se mascara.

Em nosso escritório instigamos bastante a busca de consciência para estimular a abordagem Ganha/Ganha e tornar as relações, tanto com a equipe quanto para com os clientes,
cooperativa, amistosa.

Para buscarmos os resultados de forma prática, nossa gestão trabalha de forma convencional, atuando diariamente a partir: dos resultados desejados; verificando as diretrizes para obtermos esses resultados; analisando quais recursos (financeiros, humanos, técnicos) temos disponíveis; alinhando as responsabilidades dos envolvidos e, por fim, administrando e acompanhando o processo.

Mas o mais importante para não descambarmos para uma mentalidade Ganha/Perde, ou Perde/Ganha (no caso de olhar somente para o cliente) é o investimento nos relacionamentos. A nível intrapessoal, esse movimento se dá quando nossos gestores abrandam uma culpabilidade interna espontânea frente aos erros (sempre que percebemos que alguém não está confortável no trabalho chamamos para uma conversa empática). A nível interpessoal, nos momentos em que, durante uma reunião interna, quando pendemos para uma cultura punitiva, somos lembrados por algum colega atento e desperto naquele momento de que esse não é o melhor caminho, ou melhor, que esse não é o caminho alinhado com nossos valores.

Percebemos que a possibilidade de um desalinhamento, retrabalho ou mesmo resultados abaixo do esperado são grandes se não houver durante 'o andar da carruagem' uma escuta assertiva, empática e atenta. A consideração e o respeito pelo que o outro sente no decorrer da jornada é fundamental para que os acordos internos sejam cumpridos de forma eficaz.

Por sorte ou atração, temos em nosso time pessoas com escuta apurada, desenvolvimento emocional, maturidade, e que sabem não estarem prontas. O caminho do autoconhecimento nos traz a sabedoria de lembrar que o processo de desenvolvimento não finda, e que cada desafio individual ou coletivo nos engrandece.

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